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O home office do crime e o lucro mensal de R$ 100 mil com favelas de Niterói

Publicada às 16h20/atualizada às 16h45

Imagem ilustrativa da imagem O home office do crime e o lucro mensal de R$ 100 mil com favelas de Niterói
Favela do Caniçal é uma das comunidades com maior lucratividade na Região Oceânica de Niterói. Foto: Lucas Benevides

Com o predomínio absoluto da facção criminosa Comando Vermelho (CV), as comunidades da Região Oceânica de Niterói possuem, em sua grande maioria, uma característica em comum: o controle do tráfico de drogas por bandidos já presos. Um desses é o criminoso, conhecido como Cecel, apontado pela polícia como líder da criminalidade nas localidades conhecidas como Caniçal, Ciclovia e Barreira, nos bairros Cafubá e Piratininga. Ele comanda as comunidades desde de dezembro de 2017, quando foi preso.

De acordo com o titular da Delegacia de Itaipu (81ªDP), Fabio Barucke, responsável pela investigação na região, esses líderes seguem regendo as atividades criminosas de dentro dos presídios. Eles se utilizam de visitas para repassar informações aos seus inferiores, que servem como uma espécie de voz dos 'chefões' nas comunidades. Um papel importante que esses representantes dos líderes adquirem proporcionando status e acabam responsáveis pelos gerenciamentos das finanças do tráfico.

Outros líderes presos, conhecidos como Dente de Outro, Renatinho e João Coroa, também figuram a lista dos que fazem dos presidios home office e regem à distancia atividades criminosas nas comunidades do Inferninho e Recanto das Garças, em Piratininga, e Pau Roxo, no Engenho do Mato, respectivamente.

Delegado Fabio Barucke - Vitor Soares

"As exceções são os líderes do Rato Molhado e Boa Esperança. Esses estamos realizando investigações com o objetivo de localizar e prender, nos casos em que já existe um pedido de prisão para os criminosos. Acreditamos que a criminalidade na região está controlada e que basta mapear as consequências do tráfico de drogas, que são roubos e homicídios"

Fábio Barucke, titular da Delegacia de Itaipu (81ªDP)

Milícia

Além da venda de drogas, o tráfico de algumas comunidades da Região Oceânica de Niterói estão se utilizando de táticas conhecidas de um outro grupo criminoso: a milícia. Segundo a polícia, existem informações de que o tráfico estaria cobrando por serviços clandestinos como o 'gatonet' e gás de cozinha.

Pelas investigações, as comunidades com maior lucratividade criminal da Região Oceânica são: Caniçal, no Cafubá, Ciclovia, em Piratininga, e Favela da 42, no Engenho do Mato.

"Já estamos investigando todas as ações criminosas nessas comunidades, sejam as que utilizam apenas o tráfico e aquelas que criaram uma quadrilha para cobrar serviços considerados essenciais. É difícil estipular uma renda por comunidades, mas acreditamos que esses locais, juntos, arrecadam mais de R$ 100 mil mensais, o equivalente a mais de R$ 1,2 milhão por ano"

Quem tiver qualquer informação a respeito da localização de criminosos e práticas criminosas nessas comunidades, pode entrar em contato através do Disque Denúncia pelo (21)2253-1177. O anonimato é garantido.

Questionada a respeito de ações de combate ao tráfico de drogas na região, a Polícia Militar informou que o comando do 12ºBPM (Niterói) emprega seu efetivo no policiamento em viaturas, motocicletas e a pé diuturnamente de acordo com a mancha criminal local e que operações pontuais são realizadas rotineiramente com o objetivo de reprimir ações criminosas na área de atuação do batalhão.

O resultado dessa estratégia, diz a nota, apresentou a redução de índices de criminalidade importantes. De acordo com dados reunidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), na região do 12ºBPM, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019, houve queda em diversas modalidades criminosas como 44.1% no roubo a transeunte, 41.8% no roubo de rua e 27% no total de roubos.

A Polícia Militar ressalta ainda sobre a importância da colaboração da população em realizar denúncias através do Disque-Denúncia 2253-1177 ou, para casos urgentes, através de nossa Central 190. Os registros em delegacias também são essenciais, pois colaboram com a revisão do planejamento operacional na área onde a mancha criminal é mais acentuada. 

Sobre a fiscalização em presídios para inviabilizar a conexão entre os líderes do tráfico de drogas e seus representantes nas comunidades, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária ainda não se pronunciou.

Queda nos crimes

Nos primeiros dois meses deste ano, a Delegacia de Itaipu (81ªDP) realizou 365 registros de ocorrência. O principal tipo criminal denunciado neste período foi o de lesão corporal dolosa, com 84 ocorrências. Em seguida, vieram lesão corporal culposa de trânsito (66), ameaça (60), estelionato (45) e roubo a transeunte (19). Os dados são do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP).

No comparativo com o mesmo período do ano passado, houve uma queda de 5,6% no número total de ocorrências. Entre janeiro e fevereiro de 2020, foram registradas 387 ocorrências, com destaque também para lesão corporal dolosa (84), ameaça (48) e lesão corporal culposa de trânsito (47).

Embora o crime de roubo a estabelecimentos comerciais esteja em baixa nos índices criminais da Região Oceânica de Niterói, moradores do Engenho do Mato relataram roubos a um ferro velho e duas lojas de itens variados, na última semana. Câmeras de seguranças flagraram uma das ações do criminoso, que é responsável por ambos os roubos.

Segundo o delegado Fábio Barucke, uma investigação já foi iniciada com o objetivo de identificar e localizar o responsável pelas atitudes criminosas.

"Já estamos cientes dessa prática desse criminoso e estamos investigando para chegarmos ao responsável por esses roubos"

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